quinta-feira, 31 de maio de 2012

Se...

Se eu voasse,
Eu era uma rolinha,
Voava pelos céus,
Livre, leve e louco,
Para não mais voltar
E escravo me tornar,
Do instinto puro,
Sem diversão,
Nem amor,
Só fome e sono,
Que me matariam,
De exaustão,
Que não começa
Nem termina,
Só faz graça,
Numa ironia,
Considerada divina,
Dadas as proporções
Devidas ou incoerentes...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Era uma vez...

O Pierrot, palhaço de circo, escolha improvável...
Pela lógica, nem candidato ele era ou podia ser...
Ele era simplesmente, um menino pronto!
Ele podia aprender tudo, com sua mente prodigiosa...
Mas, não, ele se apaixonou... Pela Colombina!
Ah, menina linda... Ela tinha olhos escuros
E como dizia Machado "de ressaca"... Era uma cigana!
Ele já não pensava direito, tampouco em esquerda...
Mas, sim, ele pensava... Nela, o dia todo, sua musa
E diva, que inspirava seus melhores trabalhos...

O Harlequim, heroi viril, escolha bastante óbvia...
Pela lógica, ele era o eleito, pelas moças e rapazes,
Fossem quem fossem... Ele era um homem!
Não o interessava saber dos assuntos da cabeça...
Ele só queria saber de si... Era um canalha!
Um bastardo pouco amado que decidiu tomar para si
A moça mais linda da vila, a Colombina!

Para quem não sabe, a Colombina era interesseira...
Ela amava a tudo e todos, contanto que lhe dessem
O que ela queria ou precisava, sendo que, isso às vezes,
Se confundia e ela escolhia demasiado errado...

A batalha nem longa foi, pois, os herois não se conheciam,
A Colombina tratou disso, fez com que eles não se encontrassem,
Jamais... Fez com que cada um se encontrasse com ela em dias
Específicos avisados com antecedência... Coisa que durou muito bem,
Até que, eles decidiram se ver mais vezes... Durante os encontros,
Colombina se dividia ainda mais entre as duas faces da moeda...

O Pierrot era um menino artístico, que produzia o que podia,
Para sua moça, que tão feliz ficava, com seus presentes
Do coração e da alma, que tanto custavam pra serem produzidos...

Ah, Harlequim, filho rico de uma dinastia poderosa!
Ele era extremamente fraco nos assuntos sensíveis...
Ele colocava suas necessidades acima das de qualquer...
Mas, seus presentes eram glamourosos e pendiam "status"!
A Colombina o amava do fundo do bolso falido de seu pai!

Ainda naquele tempo, o peso que o dinheiro tinha,
Era ainda maior que qualquer conhecimento,
Que qualquer um detinha ou supunha deter, em seu interior!
A Colombina pesou suas "necessidades"... Viu o que lhe agradava...
Ela viu os anéis que eles haviam lhe dado, logo no princípio...
Ela estava feliz com este arranjo... Ouro de um lado e felicidade do outro...

Ela não podia, porém, continuar enganando-os... Decidiu-se, então...
Procurou o Harlequim, heroi másculo e desejo de todas,
Para dizer-lhe que "não"!... Ela já não podia ficar com aquele
Homem vil, dia após dia, que lhe desrespeitava tanto...
Ela foi, em direção de vida nova... Foi atrás do circo!
Ah, que coisa linda os artístas eram... Ela se encantou por todos,
De uma só vez!... Ali, ela decidiu se estabelecer, para sempre,
Com seu amado Pierrot, artísta nato, que lhe conquistou
Apenas, com um olhar nos seus olhos e, por tabela, sua alma;
Coisa que o Harlequim, não poderia fazer, nem olhando em seu rosto,
Por uma pequena e imutável, eternidade...

Verdade/Realidade


Eu descobri,
Que a existencia,
Nada comprovada,
De jure, incrivelmente,
É...


A verdade, coisa louca,
Pessoa, também,
Integrante, de facto,
Da filosofia, do amor
E do conhecimento,
Tão limitado
Quanto tudo e a tal,
Que já aqui citada foi...


Desmembro, desuno
E desconecto uma
Da outra e vice-,
Participando (também),
Do -versa...


Elas nunca foram irmãs,
Como já sabido é por nós,
Filósofos esclarecidos,
De longa data ou recentes,
Como nossas próprias vidas...


Elas eram, na verdade, amantes,
Que se encontravam por vezes,
Sem nunca estabelecer relação,
Amigável ou amorosa,
Algo estritamente profissional
E emocionante...


Quando elas se encontravam,
Eu torcia, por dentro,
Por um final feliz,
Onde elas se amassem
E se casassem, tornando, assim,
Nossas vidas, tão mais simples
E amigáveis o quanto possível...

terça-feira, 22 de maio de 2012

Expulsão


Sai, que hoje a lágrima não cai,
Porque eu bem descobri,
Que não preciso muito de você...
Você é uma inútil experiência,
Que eu decidi não levar à diante
E te deixar para os chacais de Anúbis,
Deus (egípcio) dos funerais...
Encare, você morreu para mim
No momento em que não me quis
Como aquilo que eu mereço...
Você me rebaixa à uma classe,
Se me permite assim chamar, inferior.
Sou bastante parcial, penso em mim,
Antes de tudo e de todos, fazendo assim,
Você uma cidadã de segunda classe,
Sem lugar aqui, com aqueles que merecem...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Quem?

Já nem sei mais quem sou
Não quero saber, tenho medo
Francamente, tenho raiva de quem sabe


Nasci, cresci e desapareci,
Me pegaram, creio eu,
Mas, acho que não... fui eu
Eu escolhi desaparecer,
Perder a individualidade,
Perder a mim mesmo,
Onde?, você se pergunta...
"No mar de massas",
Respondo cético...


A massa tentou me engolir,
Conseguiu!
Ela, agora, tenta me digerir,
Temo que consiga...
Acho que está próximo...

Trabalho

O meu sangue
É bem mais lindo
E útil que esse suor
Amargo, com cheiro
De esforço inútil
Que nada edifica
E nada modifica...

Meu suor ainda é lindo
Mas, perdeu seu valor,
No meio do caminho
Da história...

Meu suor não tem valor.
Eu não o percebo,
Mas, aqueles que o usam,
Sabem e usam contra mim
Repetidas vezes,
Ao longo da minha história,
Que não para nunca...
E para todo dia,
Para minha noção deturpada
De descanso...

domingo, 20 de maio de 2012

Decisão


Jurado, irmão,
Decide comigo,
Por mim,
Sem mim,
Visando o melhor,
Que é difícil,
Impossível de determinar
Por meus olhos
Meus ouvidos
E minha boca
Que tanto sofre
Com a esperança...

Abandono


Quero ir,
Esquecer,
Enlouquecer,
Desistir
E deixar de lado
Tudo que se refere,
Diz respeito,
Aparenta
Ou até mesmo seja
Com você...

Rótulos


Quem é você?
Um nome
Ou uma pessoa?
Um rótulo
Ou um recipiente?

Algo insuficiente,
Uma mistura,
De um e outro
Meio à tanto,
Desconhecido
Mais rótulo
Que pessoa
Por escolha pessoal
Não-individual

Presta atenção...


Olha bem de quem você vai falar mal
O dia de amanhã ainda não existe
Mas, nem esquenta
Até lá, a gente inventa
Você é um amor
Mesmo sendo quem for
Não te conheço, mas te vejo
E revejo, de longe
Falando e discursando,
Sobre uns e outros...

Sonho


Hoje,
Eu preciso!

Acordar de qualquer jeito
Mergulhar de algum jeito
Despertar de todo jeito

De um sonho tão bonito
Em uma realidade tão diferente
Para não me perder...

terça-feira, 8 de maio de 2012

7 males

Inimigo dos céus
Inimigo do Pai
Rei dos infernos
Mal infinito
Pai dos males
Filho odiado
Criança mimada

Rei da preguiça
Rei da inveja
Rei da volúpia
Rei da riqueza
Rei da gula
Rei da beleza
Rei da ira

Sete reinados
Sete domínios
Sete infortúnios
Sete desejos
Sete inimigos
Sete ruínas
Sete males

Rei do individual
Rei individualista
Rei egoísta
Rei egocêntrico
Rei da morte
Rei do sadismo
Rei do que é imposto

Aqui, ele não entra mais!


Sai de casa e anda
Bate à minha porta
Se afasta
Me grita lá de fora
Para, subitamente, e espera
Pacientemente, ele grita de novo


Não!, eu grito
Profundo, grave e jovem
Eu não preciso dele
Ele me faz mal
Ele machuca
Ele decide quem é o chefe


Não, eu decidi
Eu não preciso dele
De jeito maneira, eu "quero"
Deixá-lo entrar?
Não quero!
Não posso!
Não de novo...


Obs.: Este poema é, vagamente, inspirado no tormento emocional de um amigo.

Nomes

Sabe o que é um nome? Um nome é uma palavra, seja ela comum, ou não, usada para identificar uma "coisa". Qualquer que seja essa coisa, ela tem um nome. Mesmo que não existisse, ela teria um nome, como é o caso, do vazio. O vazio, por exemplo, tem mais de um nome, até. Chamamos o vazio de vácuo ou ausência.

Eu tenho um nome, que é como todos me chamam e eu respondo. Mas, eu tenho mais de um nome, já que mais de uma pessoa me conhece e, cada uma, de uma maneira diferente. Eu me mostro, ou sou percebido, de forma diferente por cada pessoa, já que cada ser vivo, possui visão distinta da realidade.

Mas você, leitor, sabe (ao menos) o que é um nome verdadeiro? Este é um conceito deveras complexo para a maioria das pessoas. Um nome verdadeiro é um "termo" usado para identificar a essência das pessoas. O nome verdadeiro diz respeito ao âmago de cada um, podendo ser uma palavra, uma frase ou (quem sabe) um texto inteiro. Cada ser vivo é tão complexo quanto seu nome verdadeiro, que pode ser facilmente decodificado ou uma "pedra de roseta", que pode ajudar a entender o resto das pessoas. Mas, como o próprio âmago de cada um, este "termo" é mutável.

No mundo antigo, costumava-se dizer que "os nomes tem poder", em concordância ao "termo". Porém, já há alguns séculos, um grande dramaturgo, quebrou este paradigma. Shakespeare era seu nome, e ele me fez compreender algo, muito importante. Nomes não importam, na verdade, pois "uma rosa, como qualquer outra, mesmo que possuísse outro nome possuiria, ainda assim, o mesmo aroma".

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Dor

Dor do peito
Dor constante e absoluta
Machuca e nem se importa
Ilude e nem liga

Cadê eu superar?
Cadê eu conseguir?
Bola pra frente, eles dizem
Bola pra frente, eles desconhecem
Desconhecem dor
Desconhecem, também, empatia

Empatia maldita
Aparente em momentos felizes
E inexistente nos não sorridentes
Quem sabe se ela não é uma farsa?

Estágios


Nasci
Aqui estou
Quem vem lá?
Diz que não tenho direito?
Sou fera, aqui eu mando
Sou ser humano
Aqui, eu acho que domino

Vivo
Assim, respiro
Penso e deixo pensar
Quem vem pra dizer que não?
“O homem, livre, está condenado a ser”
Dizia Sartre (francês), poeta, quem sabe?

Morro
Depois de tudo,
Ou antes de nada,
Ou depois da primeira etapa
Igualdade, ela dá
Proporciona sem muito custo
Nem sempre é digna
Nem sempre é certa
Mas, à todos, ela chega
Por igual e por certo

terça-feira, 1 de maio de 2012

Alienação

Essa música fala tão claramente sobre o processo de alienação que eu pensava que ela era o último hino dos países sub-desenvolvidos. A música menciona claramente, do início ao fim, que "todos moramos na América" e que ela é maravilhosa. Na segunda estrofe, por exemplo, o eu lírico torna-se a própria América, dizendo que ela é a condutora da dança, que pode controlar, mesmo que não seja necessário, mostrando "como as coisas realmente são" e protegendo-a dos passos errados. No final da música ele faz uma crítica ainda mais profunda à alienação, quando canta, em inglês, "Eu não canto na minha língua materna". Isso indica que, o domínio estadunidense se tornou tão intenso que a língua inglesa se tornou a língua oficial de todo o mundo, apesar de mesmo a maior parte da música ser em alemão.


Aqui pode ser encontrada a letra original e a tradução: http://letras.terra.com.br/rammstein/101007/#traducao

Minhas [des]ocupações mais valorosas...