sexta-feira, 29 de março de 2013

Café, Vida e Morte

Fervendo, a água se encontra
E boto na xícara, feliz
E o café, que tanto amo,
Já está na xícara, esperando
Impaciente, ele clama pela água
Desidratado, não faz bem algum
Pelas veias, ele não corre
Não o sinto ferver em minha alma
Energizar meu corpo
Como botar o dedo na tomada...

Ah, que bebida preciosa
Néctar dos deuses... Faz sentido?
Bebo cada gole com um suspiro
Apaixonado, me encontro sentado
Olhando para os lados, desconfiado
Não sou o único; moro sozinho
Meus pais estão sentados, só que não
Vivos, é uma mentira; já se foram
Choro tristemente pela memória ardente
De todos aquelas refeições
Acendidas por um simples gole...

quinta-feira, 28 de março de 2013

Poesia sem título n° 2


Penso no passado,
Naquele lugar,
Aquela ponte

À interseção,
Amada e atormentada,
Estamos presos:
O futuro é agora
E o passado não se foi;
Esqueço agora:
Tudo que planejo

Quero um beijo,
Um cheiro e um abraço

Mas, não vou desistir
De abandonar e planejar:
Quero esquecê-la
Porque quero você

Quando o sol se por,
Meu amor,
Quero você aonde for
A ela quero deixar,
Meu amor,
Porque ela se foi

segunda-feira, 25 de março de 2013

O cronista

   Em uma linha, tento escrever minha vida. Suaves versos de uma prosa delicada. Mas, acaba ficando maior do que eu imaginava. Mas, também fica menor do que eu queria. Uma crônica dos meus dias, presa às letras, sendo descrita como se não houvesse nada melhor. Mas, há; o problema é que eu não sei como descrever. Acho que não interessaria.

domingo, 24 de março de 2013

Sobremesa

Começa devagar
Devagar quase parando
Começa devagarinho
Um carinho, sussurro amigo
Um beijo, um cheiro
Aroma sagrado
Um beijinho, um selinho
Chega pra lá
Vamos continuar
Tende a terminar
Mas, não quero concluir
Refeição gostosa
Comida valorosa
Venha cá!
Diga, meu bem, de quê é feito
Esse manjar dos deuses?
E o que é, que ele tem?
Tiramisu

sábado, 23 de março de 2013

Homini Lupus

Sou malvado;
Sou muito mal
Mal visto;
Mal quisto;
Mal amado;
E se algum dia for Mau
Espero que não me julgue
E a bondade me surja
Do interior concreto
Que faço minha alma
Escarlate como sangue
Daqueles que derramei
Por desviar do padrão
Que estabeleceu em mim
Desapontando e entristecendo...
Ah, mamãe, me perdoe
Não foi bem assim que eu quis
Só que me aconteceu
E eu não esperava nada além
Ah, mamãe, me perdoe, de verdade...
O homem, afinal, é o seu próprio lobo...

A divina reticência

Hoje, acordei
E, feliz, continuei
Os sonhos brilhavam
Assim como as estrelas
Mas, eu desisti...

A alegria se esvaiu
E nada mais me sobrou
De que adiantava ficar ali?
Acordado, eu já não sentia
As luzes me pareciam apagar
E o sono me engolia
A tristeza me cercava
Como um cobertor frio
Onde eu tremia
E tentava me libertar, em vão...

O que poderia eu fazer?
Quem era eu?

Apenas humano
E, como qualquer outro, impotente
Perante toda a vida
Que age dominantemente
Subjugando-me a seu regime
Ditatorial e opressivo...
Ah Ah Ah alone in my world...

quarta-feira, 20 de março de 2013

Alameda da infância quebrada

Cor de menina
Cor-de-rosa, sozinha
Menino andarilho
Azul sombrio
Infância tenebrosa
Vida curiosa
Sonho impossível
Realidade admissível
E quem antes sabia
O que era a mentira
Não entende a verdade
E explica a crueldade
Sem saber
O que é viver...

domingo, 17 de março de 2013

Borboletas azuis

   "'Se as borboletas que existem em meu estômago decidirem se acalmar, talvez eu vá jantar com você', foram as palavras que ela usou comigo. Eu gostei. Achei simples e empolgante. 'Que tal sairmos pra jantar?', eu tentei perguntá-la por tanto tempo... Mas, quando saiu foi simples e agradável. Não nos conhecíamos além da vista. Nossos olhos se cruzavam, mas não passavam disso. Desviávamos, na esperança de um dia termos coragem suficiente. Mas, eu não tinha. Ela, tampouco. Como isso aconteceu? Não sei. Eu só me lembro dela me dizendo isso."
   "'Se algum dia nossos olhos deixarem de se desviar, eu quero jantar com você', foi o que ele me disse quando eu pisquei. Abri os olhos com alguma surpresa. Porque, embora eu nunca tivesse ouvido sua voz diretamente, ele ainda me parecia extremamente sedutor. Ele era amigo do meu irmão. Sempre nos víamos, na minha casa. Mas, eu não ousava chegar perto dele. Eu era tímida demais. Quando eu o via, minhas pernas ficavam bambas e meu coração parecia pular pela boca. Eu acho que ficava pálida, mas não tenho relatos disso."
   E quando saíram juntos, suas visões de mundo colidiram.

terça-feira, 12 de março de 2013

Pálidas flores

Doces flores
Brancos nenúfares
Siderais sombrios
Velas tocando
Cada coração uma melodia
Fúnebre frio
Rigidez assustadora
E paz infinita
Deitada em madeira
Em sono da Bela
Onde nem beijos
Abraços e desejos
Poderiam reverter
Tal fatalidade
Que foi sua morte...
Os nenúfares de Monet

segunda-feira, 11 de março de 2013

"Você precisa melhorar"

   Os seres humanos tem um problema. São crueis demais. As palavras mais suaves podem ser as mais perigosas, dependendo de como são ditas. Carinho é essencial. Mentiras podem ser bons caminhos a se tomar, não acha? Eu penso que sim.
   "Você precisa melhorar", ela me disse, como se eu fosse a pior pessoa do mundo. Eu a fiquei encarando e decidi que não valia a pena. Tudo que pratiquei, posto a prova, naquele instante. Eu amaria dar um soco na cara dela, mas decidi que a vida valia a pena demais. Não ia estragar minha paciência por isso. Ah, que se dane.
   Dei o soco.
   "Por que você fez isso?", ela me perguntou, sentada no chão, com o nariz escorrendo sangue. E eu respondi, calmamente, como se nada tivesse acontecido: "porque eu quis, uai; precisa de mais o quê?" E ela me encarou, como se não estivesse acreditando no que estava acontecendo. Tudo foi rápido demais a partir dali. Minha mão, antes em fogo, agora estava quente e dolorida. Eu não conseguia mexer os dedos.
   A próxima coisa que eu me lembro é de estar sentado na sala da coordenadora. Ela era baixa, mas inspirava medo. Sua presença já era mero caso de chamar a mãe. Seu sorriso havia desaparecido no instante que eu e Camila entramos pela porta. O pingo de gente perguntou o que teria acontecido; Camila, na mesma hora, respondeu que não havia sido nada demais. Mas, nos entreolhamos como se estivéssemos escondendo um mapa do tesouro. Ela perguntou, mais uma vez, só que para mim. E eu respondi, com clareza:
   "Eu não fiz nada demais. Eu estava cuidando da minha vida, sentado na sala, quando ela chegou. Ela abriu meu caderno, tirou um dos meus textos e, contra minha vontade (e apesar dos meus esforços), ela leu e começou a debochar. Ela me disse, mais de uma vez: 'você precisa melhorar, sério mesmo'. Eu tentei, calmamente, pegar o meu texto, mas ela não me devolvia. Ela parecia estar se divertindo especialmente com as pessoas que se juntavam ao nosso redor para ver o que acontecia. Ela decidiu, então, ler em voz alta. Eu fui me sentar. Tentei me acalmar. Mas, o fogo era forte demais. Esperei que ela terminasse. Todavia, quando ela me disse, mais uma vez aquelas... palavras indesejáveis... eu a odiei mais que tudo no mundo. E, então, dei o soco. Foi só isso que aconteceu. Nem mais, nem menos. Nem fede, nem cheira."
   O pingo de gente ouviu atentamente o que estava acontecendo e, para não me dar razão, me suspendeu (apenas na prática, pois ninguém além dela mesma ficou sabendo disso). A menina foi suspensa, de verdade. Ficou três dias em casa e, quando voltou, estava mais bronzeada que nunca. Até o cabelo estava mais claro.
   Realmente, seres humanos podem ser crueis. Mas, cada um ganha o que merece. Eu acredito que ela ainda vai apanhar muito na vida. Porém, por enquanto, deixe-a ser uma rainha. Porque cada trono cai em areia e sal, corroído pelo tempo e, algum dia, eu também serei rei. E quando o for, aproveitarei cada segundo.

terça-feira, 5 de março de 2013

Pense e repense

A criação do homem
Quem sente,
Não mente
O crente é doente
Por um ente
Que, infelizmente,
Morreu, na mente
Razão dormente
Paixão latente
Reciprocamente
Tolo e demente...


domingo, 3 de março de 2013

Roubo de cores...

Que tal eu e você?
Surgindo das névoas da mente
Meu sono me consome
O mundo gira, cinza
Você roubou minhas cores
Minha paixão não bate forte
Nosso amor acabou...

As esquinas se tornam frequentes
A progressão é problemática
Um passo para frente, claro
E dois para trás, sem dúvidas
O mundo já não é mais o mesmo
Não quero mais nada
E nada é mais o mesmo
Sinto saudade daquele tempo
Mas, ao mesmo tempo, não...

Não tente me acordar
Porque eu não quero
Vou partir e não mais voltar
Não preciso disso
Uma pergunta, antes de mais nada
Que tal você sem mim?

Minhas [des]ocupações mais valorosas...