sexta-feira, 31 de maio de 2013

Os primos

Lavo meu rosto, pela manhã, todos os dias, antes de sair para fazer minhas refeições. Hoje, foi um dia diferente de todos os outros. Olhei-me naquele espelho e concluí o que temia mais. Estou envelhecendo. O tempo passa para todos, inclusive para mim. Que saudade da infância, que já não volta mais, quando eu brincava com todos os meus irmãos e irmãs. Estão mortos, sim. Não sei como aconteceu. Só foi. De repente, assim. Um passe de mágica. Apanhei meus óculos e pus no bolso. Não precisava deles para nada a não ser aquilo que me estava perto. Sim, o último sinal da idade, não é mesmo? Então, coloquei meu casaco e saí. O dia estava frio, como se fosse inverno, mas era só o outono que batia à nossa porta. Eu e meu marido vivemos sozinhos, sem crianças. Sempre pensamos em adotar, mas ela seria vista com maus olhos e decidimos que lá nunca seria um bom lugar, pelo menos não em nossa época, para criar uma criança. Veja bem, é que não somos casados. É ilegal que dois homens o façam. Mas, vivemos juntos, sim. O nosso pretexto é que somos primos. Mas, tenho certeza que muitos percebem que somos amigáveis demais. Dois homens adultos, um loiro e outro moreno, habitando o mesmo teto, e andando de mãos dadas. Ou são homossexuais ou, simplesmente, pecadores incestuosos.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Três vezes sufocadas

   Os olhos. São sempre os olhos, não é? As pernas se locomovem e os braços servem de utensílios. Mas, e os olhos? São apenas portas da alma. As últimas defesas do corpo humano.
   A cozinha estava vazia acerca de população útil. E a festa acontecia sem perturbações de maior ordem. A polícia não ousaria penetrar. E eu não conseguía me sentir bem comigo mesmo. Eu estava abrindo uma garrafa de vinho quando ela veio falar comigo. Seu sorriso falava alto que ela tinha vontade de se entregar ao primeiro que aparecesse. Por coincidência, este era eu, lembrando que ela acabara de sair do banheiro.
   Seguimos pelo corredor ao que me pareceu duas vidas. Vivi e morri quantas vezes possíveis. E calculei quanto tempo eu teria até que o vinho fizesse efeito. Eu queria me lembrar daquela noite. Mas, tenho certeza que ela não. Chegando lá, despejei o conteúdo em uma longa taça, que ela bebeu furiosamente.
   Vigorosamente, arranquei suas roupas, com meus dentes, e fiz daquela noite uma memorável para ambos. Sua calcinha dizia "Hester", me lembrando de um coelho que eu possuía quando criança. Nostálgico, toquei seu pescoço. Eu podia sentir o sangue pulsando por suas veias.

Bloqueio Criativo/Interativo/Vitalício

Impossível compor uma palavra!
As letras não se reajuntam
E o tão suave e melodioso poema
Já não me aparece mais em sonhos
Sinto que acabou a Grande Era
Todos os poetas, já mortos,
Se encontram para tomar chá
E, no outro mundo, escrevem
Melodiosas odes sobre Deus e os anjos
Maravilhas encantadoras
Invisíveis, intangíveis e inaudíveis
Por todos nós, aqui, vivos
Que esperam apenas começar
Com uma faísca mais
A Segunda Grande Revolução
É brilhante, não é? Faço da História meu Porto
E do Porto, meu ancoramento seguro
Onde peço às Musas que retornem
Para que o Mundo seja uma vez mais
Aquilo que uma vez foi
Artístico, incrível e, nada além de, apaixonado
Uma leve sombra da realidade atual
Onde preocupa-se mais com a Vida
Sem se lembrar dos que já se foram
As formalidades aqui presentes
Sem se lembrar dos que não possuem
E de tudo mais que for colorido
Sem se lembrar daqueles que são daltônicos
Onde o Mundo vive e morre, cada vez mais
Sabendo que o Destino Final está perto
E sem se importar com aquilo que mais importa
Abrir as asas e voar para longe
Para longe, onde o fútil é gélido
E o calor vive no Amor
E quem não sabe disso
É apenas uma classe desvalorizada
Contrapondo-se ao Mundo atual
Que, infelizmente, existe, para sempre...

As mil faces da alma

   Foi numa noite como qualquer outra que eu a vi. Estava se apresentando. Se você quer saber, ela não tinha nada de especial. Nada, além do beijo. Diziam que, mesmo quem não fosse cristão, ao tocar naqueles lábios via o céu. E não era qualquer céu. Era o melhor deles. O paraíso dos sonhos. Mas, um beijo daqueles não era pra qualquer um. Homens e mulheres vinham de longe, para encontra-la.
   A noite seguia tranquila conforme ela se apresentava. O palco era pequeno, sujo e úmido. Todo o local fedia a mofo. E eu não conseguia me controlar. Minha mão estava tremendo, impiedosamente. E eu queria vomitar. Naquele momento, todas as náuseas da vida, voltavam como um cachorro sem dono, à procura de um lar. Mas, eu não conseguia chorar. Fiz uma prece silenciosa para que meu corpo não me deixasse, naquela noite. Contudo, não consegui.
   Quando acordei, estava em uma poça de sangue, num banheiro desconhecido. E, ali, ela estava, "dormindo". Sua alma já não habitava mais nesse mundo. E eu desconhecia as verdadeiras razões. O que teria acontecido? A noite anterior ecoava em minha mente em uma música cantada por ela mesma. "O que eu quero é sossego!"
   Então, me levantei e saí. Era o mesmo banheiro daquela boate asquerosa da noite anterior. Minhas roupas pingavam sangue. E meu rosto, sujo, também. Eu estava com nojo de mim mesmo. Fui para casa e troquei minhas roupas. Pus fogo nas sujas. Ninguém poderia me acusar de nada. Eu queria que ninguém pudesse me incriminar. Mas, acho que isso não seria possível.

Canções de Apartamento (1)

Em cada bloco um amigo
Potencial, apenas
Sozinho, escrevo
E sozinho, vivo
Ao longe, o sol aparece
E, tão rápido quanto, desaparece
São os dias, que vêm e vão
Rápidos demais; Lentos jamais
O dia nasce, não se desenvolve e morre
O que posso fazer?
Não conheço; não sei...
Reconheço? O que dizer?
Inclusive: são estranhos
Os parentes vêm visitar
Mas, não vou olhar
Não me preocupo
Não me importo
E o que de mim será?
Eles só querem me atacar
Sugar minha alma
E me transformar num deles
Acho que estou preocupado demais
Só querem ser amigáveis, me dizem
Todavia, eu não sei
Querem me "conhecer", dizem
Contudo, eu ainda não sei
"190, Polícia? tem alguém que possa ajudar?"
E não tinha ninguém
Sozinho, fiquei e fiz meu café
Pediram-me açúcar
Mas, nem abri a porta
Eu não estava em casa
Eu estava longe
E eles não me procurariam além
Pra quê tanto medo?
Eles não são nada demais
Não são lesmas devoradoras de cérebros
São apenas vizinhos


sábado, 25 de maio de 2013

Poesia sem título nº 7


Os olhos me abrem a alma
E dissecam o corpo
Onde há nada além de carne
E o espírito morre
Enquanto se faz valer da aprovação
Pois a Vida é um julgamento
E manda quem pode
Obedece quem tem juízo
E retruca quem tem voz
Onde ninguém mais ousou pensar
Sinto meu cosmo voar
Enquanto uma parte se deita
E outra entra em coma
Ante uma beleza sem precedente
E um sopro de vida surge
Como uma teia de aranha
Onde todos caminhamos de encontro à Morte
Sem sentidos, todos entorpecidos
Amantes do perigo
Apaixonante inimigo

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Beleza colorida

   A Beleza é o sinal que toca em nossa cabeça para nos sentirmos atraídos pelas outras pessoas. Ela é algo subjetivo e, ao mesmo tempo, pessoal e impessoal. Essa contradição faz referência, respectivamente, ao indivíduo e à sociedade. Faz-se necessário, então, a diferenciação.
   Uma vem do âmago, intrínseca ao amor pelas características. Nesta, pode-se dizer que a atração parte de coro para coro, enquanto o "externo" é deixado de lado. Assim, é algo mais duradouro.
   A outra, porém, vem de fora. O senso comum, por assim dizer. Um padrão nitidamente montado pela elite. Assim, é fortemente difundido com sentido de virar "o ideal". A paixão por este modelo consegue ser expressa pela uniformização dos humores da população consumidora.
   Cabelos, pele e olhos claros são um padrão. Este, em sumo, não é bonito nem feio. Não é grotesco nem charmoso. É, por assim dizer, apenas um conjunto de características a uma etnia europeia. Esta, na verdade, dominou por tanto tempo que, embora houvessem nobres mentes tentando evitar, conseguiu se tornar o padrão clássico de beleza.
   O Brasil, país de maior diversidade étnica do mundo, não se abstém de população consumidora deste mero pilar. Ainda que as mulheres sejam consideradas as mais bonitas do mundo, devido carregar em seu código genético apenas o melhor de todas as linhagens do mundo, ainda não conseguem se libertar do estigma de não serem europeias. Esta condição desesperadora, nas jovens mentes, se mantém desde o Brasil colônia.
   "Lá", há tantas eras, a mulher europeia era a dona da escrava negra africana, indígena ou, muitas vezes, uma mistura das três etnias distintas. Então, mesmo depois da Abolição da escravatura, as mulheres socialmente marginalizadas viam que as senhoras brancas ainda continuavam com seu devido poder. Então, o ideal se manteve.
  Todavia, durante a Segunda Grande Guerra, quando os soldados americanos chegaram, ficaram aportados em Natal. Lá, criou-se um costume bastante difundido pela população: o ato de pintar os cabelos de loiros. As mulheres gostavam de se parecer com as mulheres americanas. Era todo um conceito de "mulher-ideal" que se implantava nas pequenas mentes femininas.
   Todavia, as mais religiosas diziam que este hábito era deveras pecaminoso e restrito apenas às prostitutas. Então, com a liberação sexual do final do século XX, a população já estava mais loira que o de costume. E os cabelos, muitas vezes cacheados (ou, até mesmo, crespos), estavam lisos.
   Hoje em dia, andar nu, loiro (nem tanto, hoje em dia) e com cabelos lisos (tendência em decadência), é uma moda incrivelmente aceita. Então, o que é a beleza senão uma simples união de diversas dominações sociais da burguesia acerca do proletariado?

domingo, 19 de maio de 2013

Tinha um amor no meio do caminho

Tinha você
Você, tinha
Tinha um alguém
Esse alguém era você
Você era um alguém
Meu alguém
Esse alguém era meu
Meu, era esse amor
Amor, esse era alguém
Meu, esse amor, quem?
Você, amor meu, ninguém?
Meu amor, era você esse alguém...

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Parceria! Pra quem gosta de ler!

Rapaz, é assim meio pra lá do que pra cá que essas coisas acontecem. Pra quem tem bom gosto, quem tem senso crítico. PRA QUEM GOSTA DE LER!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Acabou sem começou



Na fila, eu cheguei
E aos teus olhos vislumbrei
E quanta distância!

Não pude filar
Não pude me aproximar
Tive que chorar
Ah, que ânsia...

Meu coração já mais rápido
Num grande rebolado
Fazia até sapateado

Mas, eu consegui te ver toda
As mãos, então, suadas
Todavia, atadas
No corpo, atarracadas

Até quem me viu
Ou só sentiu
Soube na hora
E, depois, por memória
Que eu arranjei você
Todinha só pra mim
Eu arranjei minha vez
E você saiu
E não foi bem um começo
E eu chorei, como no berço
E tudo se esvaiu
E foi apenas o fim...

o Meu gato

Chamam-me de louco, os homens que tem esposa e filhos. Então, os chamo, eu. Não sou tal coisa mas, sim, um prodígio. De muitos, fui o único a perceber o embargo causado por tal fardo. Não entenda como uma ofensa, claro. Estou feliz de estar aqui e infinitamente melhor de perceber que também está aqui, Leitor. Percebi, apenas, que (na vida) há grandiosidades inimagináveis. Minha carne clama a descoberta do novo, e a curiosidade apoia, tendo em vista que é algo simplesmente inovador. Polêmico, eu sei que sou. Todavia, famoso, sei que não o sou. Não entendo o porquê, então, do pensamento crítico, inerente à minha pessoa, ser tão diferente. Sou apenas um pária. Aquele que ninguém mais ouve, devido exclusão social. É escasso, o meu direito de vida. E acho bastante egoísmo ter um alguém para privar dos prazeres que não tive. Se meus pais estiverem lendo isso, saibam que agradeço infinitamente por todos os anos que fui detido ao seu lado. Entretanto, venhamos e convenhamos, a Vida é mais do que eu sonhei. Agora, tenho chance de aproveitá-la, pouco a pouco. Os filhos, então, estão fora de questão. Me perdoe a rima, mas saiu sem querer, uma palavra cantada, assobiada, nada mal intencionada. O lirismo da Vida cresce de tal forma que o gato que aqui pousou, me deu um susto.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Guerra Iminente

   Os cães estão chegando. A mensagem é clara. A guerra vai começar. De um jeito ou de outro, a batalha já está destinada. Ela tomará lugar onde quer que queira. E nós podemos ser telespectadores e/ou soldados. Decida seu lugar de direito. Ainda não sei contra que estamos lutando. Só sei que já sinto as perdas da batalha.

domingo, 12 de maio de 2013

Poesia sem título nº 6

Seja bom e seja belo
Faça do teu caminho um céu aberto
Embora as nuvens tentem se anunciar
Não tema mal algum
Porque eu não vou deixar
A luz da esperança é grande e forte
Toma seu lugar e faz-se integrante
Deste coração, frio e sozinho,
Que se absteve do mundo
Precisando de conserto, então
Infelizmente, é irreparável, a situação

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Poesia sem título nº 5


Os olhos brilham
As mãos suam
O coração pulsa
E a imaginação voa
Mas, tudo cessa

O vermelho me aparece
Nas bochechas enrubesce
E no sagramento, cresce
Na camisa, mancha
E no coração desponta

E a dama cheia de cruzes
Marcas do pecado
Que pediu perdão
Ao deus imaginado
Morto aos pés
Aparece para mim

Confidencio-lhe a vida
Meus segredos e amores
As Parcas sabem
O fio me foge da meada
E encontra sua tesoura
Onde o olho tem precisão
E corta com um suspiro

Minha vida
Minhas decepções
Nada além de concepções
Peço-te o escrito
E desdenho o grito
Onde a dor se torna o torpor
E o sofrimento vira momento
Onde tudo é lamento
E a morte agradece
Onde já aparece
Que além de sonho
Torto e enfadonho
É apenas mais uma sina

domingo, 5 de maio de 2013

O teatro dos vampiros

As cortinas se abriram. Vermelhas e pesadas. Duas pessoas se fizeram necessárias para abri-las. Os atores estavam nas cochias. E, assim que as cortinas abriam, as luzes acenderam. Foi posto um foco no centro, onde um homem mais velho chegava, devagar. Ele pronunciava algumas palavras.

Michel Melamed, na minissérie "Dom Casmurro"
"Venho aqui, por intermédio do incentivo cultural, retratar esta pobre realidade. Eu, particularmente, não gosto de teatros. São lugares aterrorizantes. As pessoas são esquecidas no teatro. Os grandes já vivem para o cinema, onde o reconhecimento é pleno e absoluto. No teatro, são eternizados pela efemeridade da obra. E no cinema, são esquecidos pela possibilidade de assistir o mesmo filme. De novo. E de novo. Não estou criticando, veja bem, mas o que eu mais detesto é justo aquilo que me colocou no estrelato. E, agora, uma peça."

sábado, 4 de maio de 2013

Abuso


E se vislumbrar o passado
É se lembrar do futuro
E não perceber o presente
Vejo que posso seguir adiante
E, me sinto parado, no mundo
Ao passo que grito seu nome
E apenas ouço o meu
No sonho que não tive
Na noite mais clara
Daquele dia complicado e escuro
Onde, sozinho, procurei meu amor
E te encontrei, inutilmente...
Fiz ali nosso novo amor
E criei uma realidade alternativa
Onde as dimensões se encontram
E se separam cada vez mais
No espaço-tempo contínuo
Onde eu nunca existi
E você enlouqueceu sozinha
Sentada àquela janela
Retornando aos velhos hábitos
Onde cada corte significa uma tristeza
E cada palavra dura quer dizer amor
E ninguém mais sabe quem somos nós
A não ser você mesma
Quando tentam fazê-la esquecer
E você me mantém vivo
Em um simples desejo de amar
E ser amada, numa dança
Da valsa sublime
Que não sei dançar
E faço-te tropeçar nos próprios pés
Lembrando que a solidão não existe
E que a mente prega peças
Sendo que eu ainda sou a maior delas
O voo do dragão...

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Poesia sem título nº 4


Se meus olhos fossem mais
Que portas abertas
E não vislumbrassem a alma
Talvez eu os mostrasse
Olhasse pra cima, de cabeça erguida
Mas, eu não consigo e me sinto preso
Os animais fazem seus sons
E me evitam ao passar
Gatos miam, desesperados
E pássaros cantam, músicas aterradoras
E pulam em mim
Todos de uma vez só
Me machuca saber que nunca serei amado
Será que sou tão terrível?
Eles não sabem quem sou, mas sentem
O aroma é inebriante
"Mão com espelho refletor", M. C. Escher
E a morte me acompanha, de perto
Toco-lhe os dedos como uma amiga
Mas, não gosto da sua presença
Ela me quer ou algo do gênero?
Me abraça, repetidamente, o dia todo
Eu devia ser feliz, mas não consigo
Minha morte me acompanha sempre
E nunca vai ser surpresa
Me acalma, em diversos níveis
Mas, eu ainda quero viver
E quero fazê-lo pra sempre
Mas, eu continuo sendo a escória
Aquela que nem os animais aguentam...

Passou a existir

Antes de você, eu vivia
Durante você, eu sorria
E depois de você, eu não sabia
Porque por onde você ia
Eu, simplesmente, não ia
Porque sem você, eu não existia

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Raridade, essa vida


Mesmo quando você me ama
Seu consolo não é suficiente
Aparece, de repente, e desaparece
Como bem queres...

Vem aqui, como valsa
Uma complicada balsa
Do rio uma passageira
E o mundo vai ultrapassando
Toda decepção sem percepção
De que há de melhor

A vida acontece
É muito rara
Uma doença solene
E um coração insolente
Fruto desobediente
Criança demente
Que insiste e mente
Engana a gente
A acreditar que sabe o melhor
Sem saber o que é dor
Só vivendo do torpor

Nesses casos, é a vida
Realmente, ela é
De fato, muito rara...
"O baile no moulin de la galette", de Renoir

Minhas [des]ocupações mais valorosas...