quinta-feira, 23 de maio de 2013

Beleza colorida

   A Beleza é o sinal que toca em nossa cabeça para nos sentirmos atraídos pelas outras pessoas. Ela é algo subjetivo e, ao mesmo tempo, pessoal e impessoal. Essa contradição faz referência, respectivamente, ao indivíduo e à sociedade. Faz-se necessário, então, a diferenciação.
   Uma vem do âmago, intrínseca ao amor pelas características. Nesta, pode-se dizer que a atração parte de coro para coro, enquanto o "externo" é deixado de lado. Assim, é algo mais duradouro.
   A outra, porém, vem de fora. O senso comum, por assim dizer. Um padrão nitidamente montado pela elite. Assim, é fortemente difundido com sentido de virar "o ideal". A paixão por este modelo consegue ser expressa pela uniformização dos humores da população consumidora.
   Cabelos, pele e olhos claros são um padrão. Este, em sumo, não é bonito nem feio. Não é grotesco nem charmoso. É, por assim dizer, apenas um conjunto de características a uma etnia europeia. Esta, na verdade, dominou por tanto tempo que, embora houvessem nobres mentes tentando evitar, conseguiu se tornar o padrão clássico de beleza.
   O Brasil, país de maior diversidade étnica do mundo, não se abstém de população consumidora deste mero pilar. Ainda que as mulheres sejam consideradas as mais bonitas do mundo, devido carregar em seu código genético apenas o melhor de todas as linhagens do mundo, ainda não conseguem se libertar do estigma de não serem europeias. Esta condição desesperadora, nas jovens mentes, se mantém desde o Brasil colônia.
   "Lá", há tantas eras, a mulher europeia era a dona da escrava negra africana, indígena ou, muitas vezes, uma mistura das três etnias distintas. Então, mesmo depois da Abolição da escravatura, as mulheres socialmente marginalizadas viam que as senhoras brancas ainda continuavam com seu devido poder. Então, o ideal se manteve.
  Todavia, durante a Segunda Grande Guerra, quando os soldados americanos chegaram, ficaram aportados em Natal. Lá, criou-se um costume bastante difundido pela população: o ato de pintar os cabelos de loiros. As mulheres gostavam de se parecer com as mulheres americanas. Era todo um conceito de "mulher-ideal" que se implantava nas pequenas mentes femininas.
   Todavia, as mais religiosas diziam que este hábito era deveras pecaminoso e restrito apenas às prostitutas. Então, com a liberação sexual do final do século XX, a população já estava mais loira que o de costume. E os cabelos, muitas vezes cacheados (ou, até mesmo, crespos), estavam lisos.
   Hoje em dia, andar nu, loiro (nem tanto, hoje em dia) e com cabelos lisos (tendência em decadência), é uma moda incrivelmente aceita. Então, o que é a beleza senão uma simples união de diversas dominações sociais da burguesia acerca do proletariado?

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