terça-feira, 14 de maio de 2013

Guerra Iminente

   Os cães estão chegando. A mensagem é clara. A guerra vai começar. De um jeito ou de outro, a batalha já está destinada. Ela tomará lugar onde quer que queira. E nós podemos ser telespectadores e/ou soldados. Decida seu lugar de direito. Ainda não sei contra que estamos lutando. Só sei que já sinto as perdas da batalha.

   É a vida, afinal. Ela chega devagar, de mansinho. Ela se esconde nos arbustos e chega de surpresa. Primeiro, você acha que é um amigo. Ela te abraça e faz carinho. Você se sente quentinho e com vontade de amar. Você consegue se afeiçoar.  Ela consegue te manter na palma da mão. Você consegue aproveitar tudo que ela tem pra oferecer.

   Num segundo momento, ela puxa um punhal. Ele é brilhante e é feito de puro aço. Você acha que é enfeite. Ou, então, algum acessório bem útil para seguir. Pode ser um presente, também, que tal? Porém, nem tudo são flores. Às vezes, aquilo que há de mais cheiroso, é justo o mais venenoso. Não sei como dizer. Acho que é bem assim.

   No terceiro momento, a vida te larga. Você se sente livre. Desamparado, todavia livre. Parece que está tão leve que pode voar. É uma sensação única. Você nunca sentiu antes. Parece que o mundo está conspirando a seu favor. (In)felizmente, "não é bem assim que funciona. Nada é", fico cansado de dizer, a quem quer que se interesse.

   Aí, no quarto momento, você tem aquele velho problema: uma mancha no peito, inexplicável. E aquela dor lancinante nas costas. E aquilo que era prateado e brilhante, assume uma nova cor. O escarlate, carmesim, vermelho et cetera, se projeta daquilo que foi usado para matar-nos todos. A vida se faz apenas uma assassina.

   Todavia, no final, a Vida assume cor nova. Ela lhe prepara. Um espectro inteiramente novo surge a partir disto. E você se destrói. Nada é para sempre, lembra? E o que durou, se foi. A eternidade te espera onde você menos imagina: na própria memória, onde ninguém pode alcançar o mesmo desejo de continuar a ser amado.

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