quarta-feira, 24 de julho de 2013

Dois botes

Quis o destino mais uma vez que se encontrassem naquela ponte andando lado a lado. E, nunca antes na história, o destino se fizera cumprir de tal forma tão esplêndida. Veja você onde é que o barco foi desaguar.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Quem conta um ponto, aumenta um morto

Pra falar a verdade, existem poucas coisas que eu faria nessa vida. Sonho com o dia em que poderei ser livre. Mas, enquanto isso não acontece, vou levando a vida devagar. Talvez, quem sabe, o amor não acabe. Mas, a tendência é que isso aconteça, conforme tudo o mais.

Poesia sem título nº 8

Eu posso te dar
Tudo aquilo que quiseres
As estrelas apagando
O sol se partindo
Ou a lua fugindo
Todos os sinais da ruína
Por ti, meu mundo vai caindo

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Mal do Século

O frio me enche os pulmões
Enquanto a tosse chega
Assustadoramente, um calafrio
Me percorre a alma, elétrico

Um espirro rápido
Um silvo de saúde
Um assobio de morte

A doença se instala
Lenta e terrível, abre as portas
Vislumbro o suave tecido
E tudo aquilo que já se foi

Um odor atravessa
Pútridas são as lembranças
Os monstros do que se diz

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Tristeza destinada

É de lágrima
Que se faz o mundo
Desce a correnteza
E faz-se o tudo

É da luz que se constrói
E das trevas que se foi
O que tudo surgiu
E tudo ruiu

Na calada da noite
Onde as corujas piam
E os lagartos silvam
E os lobos se alimentam
De tudo aquilo que são

Esquecimento da névoa
É o navio que vem
Onde os faróis mostram
O destino de ser
O passado que já foi

O tempo-distância das trevas-luz

As asas do escuro batem
E os olhos piscam tentando esquecer

As luzes da ribalta brilham
Mas, logo se apagam novamente
E a brisa fresca das colinas
Já não sopra mais, então

E o hálito dos deuses é forte
Me protege e me guarda
Dos perigos, me separa

Mas, mesmo assim, eu a procuro
Aquela que me deixou pra trás e esqueceu
Que o mundo não só gira
E toda noite volta, cada vez mais escura

No coração que bate
Cada vez menos, por segundo-luz,
A distância entre céu e inferno

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Paraíso

Suponhamos o céu
As nuvens brilhantes
E as estrelas ofuscantes
A brancura sideral
A loucura espacial
Dos mundo, um longo véu

As minhocas fazem túneis
EOnde as belas árvores surgem
Com raízes diversas
E animais, tão alto, rugem

Com rios translúcidos
Brilhantes peixes transparentes
Fantasmas aparentes
Seres mortos, novamente vivos
Água da vida, fonte da juventude
Na montanha de grande altitude
A sobrevivente decrépita
Com um vento que apita
E mostra qual o verdadeiro sentido da vida
Que é viver sem medida
(fonte: http://ebineyland.deviantart.com)

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A herança

Eram três. As irmãs possuíam nada em comum além da linhagem. Eram Maria, Teresa e Elisa. Uma católica, outra evangélica e, ainda, uma espírita, respectivamente. Não se viam há trinta anos. Até então, uma desavença familiar as havia separado, sem maiores discussões. Depois da morte dos pais, a briga pela herança fragilizou ainda mais os laços familiares. Suas vidas prosseguiram como se nunca tivessem se conhecido. Elisa, a primeira, teve dois filhos, Rita e Tiago. Maria, a segunda, teve três, Samuel, Rafael e Gabriel, trigêmeos. Teresa, porém, não podia ter filhos. Amargurada, se tornou uma devota ferrenha, onde nada lhe dava mais consolo que Deus. "Só Ele sabe de todas as coisas", ela repetia para si mesma, todos os dias, ao acordar.

Perde-se o molde

Quando se perde o lápis
Sublime é a imaginação
Que não permite limites
Unindo todas as coisas
Em um único espiral eterno
Com as luzes da ideia
Que faz jus ao arco-íris
Colorindo o céu de outra cor

Onírico direcionamento

Onde ir?
Nadar, voar,
Íngreme escalar,
Rastejar,
Indicar,
Crer, entender
Ou apenas imaginar?

Cercamento

Toco-lhe os dedos
Numa ciranda, invento a dança
O vento sopra
E o fedor pútrido me cerca
A melodia toca
E a voz ressoa
Ecos do futuro imaginam-se
Projetando-se ao passado
Como um ciclo de existência
A humanidade não perdoa
A condição de ser
E a exigência de mentir
Desrespeitar apenas o sonho
De viver como sempre quis:
Ninguém; nem mesmo eu
É só ela, que bate à porta
A doce e suave morte

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Loucura sensorial

Os olhos me abrem
A percepção me diz
Sussurros me assustam
E a razão me foge às pernas

Onde o caminho se ergue
Nos tijolos amarelos
Que se pintam de azuis
Se confundem com o céu

Em túneis e devaneios
De brutas flores canibais
Gentis e frívolas se abrem
À noite, com terror

E as pétalas voam
Com a leveza do vento
Que vende a beleza
Do assobio agudo

Pio do pássaro raro
Fruto da imaginação
Melodias do coração
Serenatas de paixão

Abelhas verdadeiras
Tristes florais rubras
Com espinhos de açúcar
Dedos de mel

Peço-te o machado
E acerto-lhe no pecado
Procurando sempre
Perdão e redenção

sábado, 6 de julho de 2013

Melancolia

Tudo na cidade funcionava em perfeita ordem. Até que se viu, brilhando no céu, a uma grande distância, um monstro que se aproximava.

A mãe penteava o cabelo da filha, preparando-a para dormir. O pai, observava com amor e carinho. E o irmão ainda estava acordado, estudando. As provas do ensino médio não eram fáceis. E a avó já estava cochilando no sofá, enquanto passava a novela. E o avô, morto e cremado, estava em uma urna banhada a ouro, onde observava toda a família.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Ventos de inverno

Conforme os ventos sopram
Seu nome, eu escuto
Cada sílaba, um suspiro
E cada letra, um grito

E conforme, o sol aparece
Seu rosto, eu me lembro
Seu gosto, meu lamento

A lua aparece
E tudo mais desaparece
É a noite, uma criança
E a diversão, uma dança

Lembro-me das noites juntos
Que passamos a dormir
Sonhar com o futuro
Ter pesadelos com o passado
Aproveitando o presente

Mas, agora, tudo mudou
E é indescritível a saudade
Daquilo que fomos
E que nunca mais seremos

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Relações

Os amigos que eu fiz
Foram impetuosos aliados
Da guerra, soldados
Da morte, arautos
Dualidades da inimizade
Subprodutos da realidade
Sombra e luz, criatividade
Um piscar de olhos
Um soar de sinos
A tangibilidade da unidade
Simultânea confusão
Dos sentidos, uma pressão
Da morte, um sentimento
Da vida, só lamentos

Minhas [des]ocupações mais valorosas...