quinta-feira, 24 de abril de 2014

Prosa caótica

Me perdi aos dezessete anos
Perdido como nunca estive antes
Renegado entre almofadas
Choro minha alma sem palavras
Resoluto, mantenho minha obstinação
O desejo de ser feliz se apaga
Conforme enxugo as lágrimas
Determinado a esquecer
Lembro de todos os destinos
Das viagens que fiz ao longo
Numa rota sem direção ou sentido
Torta, andando em círculos
Procurando um destino comum
Meu cotidiano, o horror mundano

terça-feira, 8 de abril de 2014

Prosa sem nome número 1

Sobre as mulheres, há pouco que possa ser dito. Não as conheço tanto quanto gostaria. De línguas sujas e palavras feias, conheço tanto quanto. Sou inexperiente. Vivo em descanso, deitado, aproveitando do pouco que conheço. A vida me acontece de maneira simples e desocupada. Eu abro a janela, ouço os pássaros, sinto as brisas do eterno verão nordestino, sinto o sol quente na minha pele. Nem muito, nem pouco. Esperando que a vida aconteça, escrevo sobre meus sonhos, desejos e invenções. Não sou engenheiro, tampouco o poderia. Meu conhecimento de física e mecânica se restringe a saber de sua existência. Me olho no espelho e me reconheço, mas não sei quem sou. A personalidade que eu julgava ter, desaparece mais a cada dia que passa. O egoísmo que tanto carreguei na ponta da língua já escorrega para meu interior. Engulo como o orgulho que, antes, costumava gritar aos quatro ventos. A ânsia é o que sobe, em contrapartida, me mostrando que nem mesmo meu corpo aguenta. O que sou é uma forma tremeluzente e fora de foco. Uma imagem que se assemelha ao que eu costumava ser, mas que se define entre outras palavras, outros pensamentos, outras consciências. Os tabus deixam de sê-lo conforme penso em alternativas para quebra-los. Os costumes não são nada além de lendas. E eu me sinto confiante o suficiente para sair às ruas e gritar meu nome. Este ainda não me abandonou. A essência do que sou se define nele. Quando o digo, penso em tudo aquilo que sou. Não importa se mudei. Meu coro permanece neutro. É humano, afinal. Cheio de instintos animais diversos. Um deles é o de procriar. Sinto em toda minha totalidade. Mas não sinto vontade de estar em uma relação. Relacionamentos são complicados. Entendo muito pouco deles na prática, mas sou mestre em teorias. Quando é você no holofote, tudo muda. Errar é humano. E não há melhor forma de provar isso quanto nesses momentos. Amizades são relacionamentos de união. Você pode se separar quando quiser, apesar de não procurar. Se não funciona, você separa. Ao contrário de relacionamentos amorosos, que são os que você tenta fazer funcionar. Eu não participo deles por esse motivo. Não encontro ninguém que consiga funcionar. Gosto de estar sozinho, me olhar no espelho e me perguntar quem sou, perguntar minhas origens e meus destinos. Escrevo quando sinto que preciso divagar sobre isso. É meu ofício. Não sei fazer outra coisa. As pedras no meu caminho são empecilhos que me machucam quando me corto entre palavras ásperas de auto-crítica. Sou quem preciso ser. Não me arrependo disso. Sou o filho que meus pais sempre quiseram. E, disso, eu me arrependo. Todas as coisas que tenho vontade de fazer passam por um julgamento complicado. Meus pais aprovam ou não. E, a partir daí, minha crítica é similar. Minhas opiniões e convicções são apenas réplicas de modelos ultrapassados do século passado. Às vezes, eu me pergunto o que isso quer dizer. Sou o legado daquilo que uma vez se foi perpetuando-se entre os genes da obediência. Nunca faço o que quero. Só o que esperam de mim. Isso me magoa. Me mata. Me mostra como o sujeito fraco que não sabe o que quer porque depende da opinião alheia para tal.

Minhas [des]ocupações mais valorosas...